sábado, 30 de maio de 2015

Vista a minha pele

                                                    VISTA A MINHA PELE

De todos os filmes que assistimos até agora este, sem dúvida, foi o que mais me tocou. Ele é pura reflexão do início ao fim. Me senti estranha durante seus 22 minutos de exibição.
O nome deste filme é perfeito, pois em 41 anos de vida nunca me senti do outro lado, do lado de quem é negro.
Em minha família somos brancos e negros, então pra mim sempre foi muito natural, ver o o outro apenas como o outro. Cresci e fui criada em um ambiente onde a cor da pele era apenas um detalhe e não um rótulo como a sociedade impõe.
Acho que essa "estranhesa" que senti, foi pelo fato de para mim ser sempre tudo muito natural, nunca ter passado este tipo de preconceito, mas o filme, com sua linguagem simples me mostrou o que sentem nossas crianças negras, os conflitos internos que precisam administrar e a vergonha que sentem quando são humilhadas em público.
Me senti incomodada pelo fato de ver como o ser humano é pobre de espírito e não compreende que a cor de pele de uma pessoa não diz quem ela é. O que nos revela como pessoa são nossas atitudes, nossos valores, o bem que fazemos ao próximo.
Se eu trabalhasse com uma turma de 5ª ano, com certeza, passaria este filme aos alunos. Ele é uma excelente ferramenta para trabalhar a questão do racismo e outros valores ali embutidos.
Como professora, me sinto responsável em valorizar a auto estima de meus alunos, independentemente de sua cor, condição, fé. Todos são iguais , respeito e faço com que seja respeitada a diferença de cada um, mostrando através do diálogo que ninguém é melhor do que o outro. 
A criança compreende tudo, basta explicar e falar a verdade.
Mas se em sua casa a verdade que conhece for o preconceito, na sala de aula esse será o reflexo de suas atitudes, tendo aí o professor que interagir de forma a levar essa criança à reflexão de que somos aquilo que acreditamos. O professor tem sim o poder de persuasão e nestes momentos  ele é a ferramenta ideal para acabar com esses julgamentos e comportamentos  que não aceitam a verdade do outro.

LEITURAS IMPORTANTES

                                        LEITURAS IMPORTANTES

É incrível como  fazer novas leituras e reflexões te mudam como pessoa.
Este semestre mudou meu modo de ver muitas coisas. Primeiro, comecei a ter um novo olhar sob minha escola. Estou mais crítica, mais perceptiva, mais atenta ao certo e ao errado,  e principalmente,  àquilo que posso fazer para contribuir à instituição. Quero colaborar com o crescimento dos meus alunos e acredito que voltar a estudar já foi o primeiro passo. 
Voltar a ser aluna é algo novo e me mostrou que tenho muito à aprender. Percebo nitidamente que não sou mais a mesma de meses atrás e que embora tenha mais de 20 anos de sala de aula, ainda preciso estudar para corrigir as"artimanhas" que construí sozinha em minha trajetória sem o estudo. Embora eu sempre estivesse fazendo alguma coisa, não é o mesmo que um curso superior.
Me pego tendo que refazer os trabalhos várias vezes, pois quero falar do que sei, ou do que penso que sei,  do que aprendi sozinha, com as crianças, na sala de aula, com meus erros, com as colegas, enfim... aprendi muita coisa e quero mostrar isso. Porém, os enunciados das tarefas pedem outra coisa e aí a tutora me chama: Ester, voltando à atividade... graças a Deus existem as tutoras!
Não faço por mal ou por distração, isso é falha de uma professora que não está acostumada a ler e que ao reconhecer a importância deste ato dá-se conta do universo que ainda precisa descobrir.
Cada leitura que faço, me ensina algo novo. Sei que estas já estão sob os meus domínios, ou pedagogicamente falando: já me apropriei destes conhecimentos:
" O que precisa mudar é a cultura da escola e não a cultura do aluno".  "Não se pode mais falar em igualdade sem incluir as diferenças".
"O homem é egoísta e preconceituoso e precisa ser ensinado a viver em sociedade.( CANDAU)
Mas  de tudo que li até agora, o que mais me chamou a atenção foi uma das primeiras leituras que fizemos sobre a professora de Educação Física. Neste texto há uma frase que me sintetiza: todo professor faz em sala de aula, alguma coisa que depois descobre que tem um nome ou é uma técnica renomada( me achei) porque pelo menos deu validade para os anos que fiquei sem estudar e também é legal saber que aquilo que tu fazes com teu aluno é tecnicamente aprovado por alguém.
Estou percebendo que todas essas leituras, estão se alinhavando e formando uma linda  colcha de retalhos. Cada pedacinho é peça fundamental para o meu aprendizado e construção do meu saber.



sexta-feira, 15 de maio de 2015

LENDA AFRICANA

                                                  OS FILHOS DO FOGO

Um bom tempo atrás, Nyame, o Deus do céu, vivia sozinho na imensidão azul.

Um dia pegou um cesto, encheu-o de terra, colocou árvores e animais e pendurou-o no céu. Deu-lhe o nome de Terra.

Depois, Nyame fez um alçapão com uma escada para poder descer e visitar a Terra. Era todo iluminado . E tinha orifícios de onde saíam raios de luz: eram a lua e as estrelas.

Em certa manhã, Nyame, admirava seu alçapão, mas não estava sozinho... nele morava um casal de pessoas pequenas que, curiosas, espiavam o mundo.


Foi então que Nyame sentiu cócegas e espirrou! Os pequenos saíram voando e caíram na Terra.

Que lugar bonito,, vamos viver aqui! - Disseram.

 Os dois andaram, apreciaram os rios, as matas e os animais.  Quando encontraram uma caverna, decidiram que ali seria a casa.


Passado um tempo, apesar de viverem bem, os dois começaram a sentir solidão...

Este lindo local - dizia a esposa.

- Seria ótimo se tivéssemos amigos - completava o marido.

 Um dia, a mulher brincava de criar formas com argila. Modelou pequenas figuras como eles, com pernas, tronco, braços e cabeça. Depois teve uma ideia:

- Vamos cozê-los no fogo e dar-lhes vida? - Sugeriu entusiasmada ao marido.

- Grande ideia! Nós o chamaremos de filhos! - Respondeu ele.



De repente ouviram um barulho. Era Nyame que vinha visitá-los. Para manter o segredo e fazer surpresa, rapidamente esconderam as figuras de barro  dentro da caverna sob folhagens.


                                                     
Nyame perguntou:

- Olá, minhas pequenas pessoas, vocês estão cuidando da Terra e sendo bons?

- Sim, estamos gostando muito deste mundo! - Responderam os dois.

 Nyame despediu-se e voltou ao céu.

No dia seguinte, o casal modelou mais figuras.

Fizeram uma fogueira e começaram a cozê-las.

Novamente, porém, Nyame apareceu...os dois ficaram na frente do fogo para que ele não visse o que estavam fazendo. Desta vez conversaram bastante. Depois que Nyame foi embora, tiraram as crianças de argila do fogo.  Como cozinharam por muito tempo, elas escureceram.


Com frequência o Deus do céu vinha fazer visitas. Alguns dias demorava mais, outros menos. Desta forma, as figuras cozinhavam por tempos diferentes, apresentando diversas cores. As poucos cozidas eram brancas, outras, mais cozidas, amarelas, e assim por diante.

O casal vivia feliz e amava cada uma de suas figuras, que eram seus filhos!


Quando finalizaram o trabalho, juntos lhe deram o sopro da vida. Então, uma por uma acordou, se espreguiçou, sorriu e foi brincar!

O tempo passou, os filhos do fogo cresceram, se casaram, tiveram filhos e se espalharam pelos quaro cantos do mundo.










LENDA AFRICANA

                         BAOBÁ: A ÁRVORE DE PONTA-CABEÇA


No início dos tempos,quando o Deus criou o mundo, primeiro fez as águas e as terras. Depois admirando a paisagem, criou diversas espécies para viver o resto dos tempos.

A primeira árvore que fez era bem grande e forte : foi um baobá.

O baobá nasceu ao lado de um rio de águas tranquilas, onde se refletia e acompanhava seu próprio crescimento.

Atento, observava a natureza ao redor, os  outros tipos de plantas e flores.

A enorme árvore tinha tudo para ser feliz, mas parecia insatisfeita e descontente.

- Por quê não tenho flores o ano inteiro? - Indagava o baobá.

- E por quê não tenho flores de várias cores? - Assim prosseguia por horas.

O baobá sentia inveja das outras espécies.

Inconformado, chamou o criador e fez exigências sem fim.

- Não reclame, você é perfeito: dá frutos deliciosos, sementes, flores, sombra e até água! - Disse o Deus.

No entanto o baobá não desistia. Seguiu o criador por toda a África, fazendo suas queixas. Dizem que é por isso que há baobás por todo o continente!

- Não posso acreditar que é infeliz! Justo você, que caprichei tanto! - Insistia o Deus.

A árvore continuava reclamando.

Chegou o dia em que o criador não aguentou mais ouvir lamentações:

- Chega de blábláblá!- Disse aborrecido.

Então arrancou o tronco da terra e plantou o baobá de novo, com as raízes viradas para cima!

Mesmo de ponta-cabeça, o baobá continuou crescendo encantador, único e maravilhoso.

Será que hoje ele pensa diferente?