sábado, 24 de novembro de 2018


                                   
                                           REFLEXÃO DA 8º SEMANA DE ESTÁGIO





Nesta semana ocorreram alguns imprevistos com os quais eu não contava e que modificaram o andamento do meu planejamento.  Na terça-feira , fui informada por minha supervisora que na quarta e quinta-feira meus alunos iriam realizar a prova do Sistema da Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul ( SAERS). Essa avaliação é  realizada em todas as turmas de 3º ano do Estado. Por esse motivo, não pude contemplar muitas de minhas tarefas. Realizei as que pude e as demais joguei para próxima semana.
Fora isso, foi uma semana onde duas atividades se ressaltaram de forma muito gratificante. A primeira foi a confecção da boneca Abayomi e a outra, para minha surpresa foi ovídeo do Garoto Tambor. Sinceramente eu não esperava um grande retorno por parte dos alunos em relação à esta atividade, porém para minha surpresa, os alunos foram muito receptivos e interpretaram  a tarefa de forma que me emocionou.
Em relação à confecção da bonequinha, foi uma atividade que os motivou de forma muito positiva, inclusive por sua bela história. Porém, tiveram dificuldade em executá-la. Muitos alunos não conseguiam fazer os nós que a modelam, precisei ajudar e contar com o apoio de quem ia conseguindo fazer. Por fim, acabou sendo uma tarefa colaborativa, pois necessitou do empenho do grupo todo para realizá-la.
Me chamou atenção a questão da inabilidade em relação à motricidade fina. Crianças com 8 e 9 anos já deveriam ter essa habilidade. Vejo aqui, a importância da pré escola onde tal habilidade é trabalhada de forma cuidadosa e diversificada.
Em relação ao vídeo do Garoto Tambor, o depoimento de um aluno durante a  atividade me mostrou o quanto é válido uma proposta que os façam refletir e desacomodar seus sentimentos. Deixarei abaixo, um anexo do seu escrito ao ser questionado se tivesse o poder do tambor, o que faria para si ou alguém. Como educadora, não esperava a sua sinceridade. Esta,  me emocionou de tal maneira que chorei ao ler. Abracei o menino e apenas falei o que me veio na hora; que ele tinha um coração muito bom. Não sei se foi o correto, as palavras que ele precisava ouvir, enfim…
Trabalhar a questão da negritude neste projeto, está sendo muito gratificante. Este, está trazendo aos debates, questões que abordamos em outros contextos, porém como houve um significado para eles,  está sendo possível refletiram e linkarem ao que surge de novo.
 Gonçalves  e Silva ,  Petronilha Beatriz nos diz que:
Por isso a educação das relações étnico-raciais deve ser conduzida, tendo-se como referências os seguintes princípios (BRASIL, 2004b, p. 17):“consciência
política e histórica da diversidade; fortalecimento de identidades e de direitos; ações de combate ao racismo e a discriminações”.
Para desencadear, executar, avaliar processo de educação das relações étnico-raciais é preciso que se compreenda como processos de aprender e de ensinar têm se constituído, entre nós, ao longo dos 507 anos de história de formação da nação.
É sabido que aprender-ensinar-aprender, processo em que mulheres e homens ao longo de suas vidas fazem e refazem seus jeitos de ser, viver, pensar, os envolve em trocas de significados com outras pessoas de diferentes faixas etárias, sexo, grupos sociais e étnico-raciais, experiências de viver. Tratar, pois, de ensinos e de aprendizagens, é tratar de identidades, de conhecimentos que se situam em contextos de culturas, de choques e trocas entre jeitos de ser e viver, de relações de poder.
Trabalhar a história de nosso povo é importante para  sabermos nossas origens, bem como compreender,  que através da dor, muito se aprende.
Desenvolver esse projeto em minha turma está me mostrando que todos trazem suas marcas e que em pequenas atividades deixam transparecer aquilo que é sua essência, sua verdade.
Mais do que história, estou trabalhando emoções e sentimentos que fazem parte do desenvolvimento emocional, cognitivo e social de meus alunos. Isso é muito mais válido do que ensinar uma técnica ou equação. Estou aprendendo com eles o que querem aprender. Estou aprendendo que eles também tem a sua história que por detrás delas há todo um contexto que justifica comportamentos, falas e ações.  . Em sua sinceridade, cada criança me mostra que sua vida precisa linkar-se o conhecimento científico da escola, pois só assim este fará sentido.
A identidade de cada aluno, precisa estar na frente de cada conceito e trabalhando a diversidade estamos contemplando este grande universo complexo que é  o “ser alguém único, singular” dentro de uma pluralidade infinita.



sábado, 17 de novembro de 2018

 
REFLEXÃO DA 7º SEMANA DO ESTÁGIO




Trabalhar a questão indígena foi muito produtivo pelo interesse demonstrado pelos alunos, mas ao mesmo tempo, a falta que tenho de conhecimentos sobre essa cultura me deixou insegura por alguns momentos.
Grupioni (1996, p. 424) constatou que “dentro da sala de aula, os professores revelam-se mal informados sobre o assunto, e os livros didáticos, com poucas exceções, são deficientes no tratamento da diversidade étnica e cultural existente no Brasil [...]” e isso, em grande parte se deve ao fato de a formação profissional não contemplar a temática indígena.
É fato, que nós professores só sabemos sobre essa cultura  aquilo que buscamos por conta própria e aquilo que vemos em nosso dia a dia. Ou seja, a forte presença e invasão de nossa cultura, atrelada à deles.
Através do vídeo que assistimos, foi  incrível a percepção que as crianças têm na diferenciação do modo de viver a infância em uma aldeia e na cidade. Para eles a criança indígena é mais livre para brincar pois não corre os riscos de violências existentes na cidade.
 Esse argumento foi a conclusão de quase todos alunos ao serem questionados sobre as diferenças e semelhanças nas brincadeiras entre eles. No entanto, essa realidade não é para a maioria dos indígenas e tentei deixar essa questão bem clara para eles.
Bergamaschi Gomes( p.57) “Embora, nas imagens de índios apresentadas pelos livros didáticos predomine um ser do passado e ignore a forma como vivem atualmente, muitas crianças reconhecem que há índios convivendo conosco na cidade e que estão presentes em vários locais de muita circulação para a venda de artesanato”.
            No entanto, desconhecem o porquê desta situação, e nós como professores temos a obrigação de explanar o motivo pelo qual esse povo deixou de viver muitos de seus costumes e tradições.
Silva (2008, p.32) que afirma: “no processo de contato entre sociedades, a cultura, enquanto capital simbólico, permite resistir à dominação e às imposições da sociedade dominante. A partir dela, os elementos impostos são continuamente reinterpretados.” Ou seja, os indígenas não estão perdendo sua cultura, mas refazendo-a constantemente, inclusive a partir do contato.
Relatei que o índio atual vive em grandes cidades, até para poder se manter em suas necessidades básicas. Hoje possuem  acesso à internet, escola e alguns, como o autor dos livros trabalhados ,vão à universidade com o objetivo, inclusive de divulgar de forma digna os saberes deste povo.
Percebi que as crianças estão acostumados ao índio estereotipado, que usa cocar e faz o famoso som (uuuuuuuu) batendo a mão na boca. Uma aluna ainda me falou:
-Ôba sora! Vamos fazer cocar!!!
Ela se surpreendeu quando disse que não, mas que iríamos fazer outra atividade.
Ela ficou frustrada, mas expliquei que esse índio que usa cocar e vive feliz na floresta não existe. Expus aos alunos a verdadeira realidade deste povo. Ainda ressaltei que apenas uma minoria ainda vive nas florestas e que mesmo assim, cada vez mais perdem espaço para  homem branco.
Muito positivo também, foi o vídeo que apresenta as brincadeiras em uma aldeia. As crianças gostaram de se reconhecer em atividades semelhantes como tomar banho de chuva ,  andar de balanço, e jogar pião.
No mais tivemos uma semana curta e conturbada. O passeio foi cancelado, por esse motivo na quarta-feira, pouquíssimos alunos compareceram à aula.
Essa semana não foi como eu gostaria, e espero poder retomá-la, pois trabalhar tais questões é fundamental para conhecermos nossa raízes.  


                                       REFLEXÃO DA 6º SEMANA DE ESTÁGIO

                                                    

               
                                                         


           Nesta semana realizamos, sem dúvida , a tarefa mais significativa do projeto diversidade até agora. Ao assistir e debatermos o filme “O Extraordinário”, questões complexas , íntimas e profundas vieram à tona. Para mim, ficou a impressão de que até esse momento , não conhecia alguns de meus alunos, tamanha foi a surpresa ao ouvir e ler seus relatos.
A criança é muito transparente e depoimentos que abordavam racismo , bullying, negligência , entre outros, foram constatações que surgiram. No entanto, eles ainda não conseguem compreender a gravidade destas situações com clareza,  mesmo assim,  percebem e sabem  que é errado e o quanto magoa.  
Foi nítido perceber o quanto a influência do meio afeta os valores que as crianças trazem consigo. Em suas falas, visualizei o comportamento que seus pais apresentam quando veem até a escola resolver determinadas questões. Um exemplo, foi uma menina que relatou que queria ir à polícia por sofrer“bullying”. Ela não sofre bullying, mas assim define o fato dos colegas não serem seus amigos. Ela é uma menina manipuladora e os mais espertos percebem seu comportamento. Sua mãe, lá na escola, quer resolver tudo no grito , na polícia e na intolerância. Aqui , fica muito claro que eu como educadora, preciso olhar atentamente essa criança, pois na verdade, ela é vítima do meio em que vive, e transfere aos colegas aquilo que vivencia em sua casa.
Essa mesma menina, falou alto:
-Eu só queria ganhar um cartãozinho!
Os colegas não reconhecem nela uma boa amiga, por isso, na atividade do cartão ela não recebeu nada. Eles ao realizarem essa tarefa foram muito sinceros. Tudo aquilo que observo diariamente entre eles, se mostrou. Os melhores amigos, os amores escondidos, o carinho por mim.
No debate que fizemos, muitos assuntos de nossa rotina de sala de aula, vieram à tona, porém, de modo implícito e as crianças não perceberam. No entanto, fiz questão de aproveitar o  momento  para ajudar na solução de problemas do grupo.   
Muitos depoimentos foram positivos e surpreendentes como o de um aluno que escreveu ser extraordinário, pois leu com três anos, bem como toca piano e violino desde essa época. Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato dele  questionar a existência de Deus, visto que a maldade existe. Esse menino trás consigo, uma dor muito grande, pois seu irmão foi assassinado, o que desestruturou toda a sua família, devido as sequelas remanescentes deste acontecimento.
Tenho nesta atividade a marca de meu estágio. Foi incrível como um simples filme me mostrou e confirmou tudo aquilo que vejo na rotina com as crianças. Ela deixou claro para mim, o quanto a auto  estima de um aluno interfere em seu rendimento escolar. Uma criança triste e com problemas, não produz satisfatoriamente se o seu emocional está conflituoso.
Outra tarefa muito contemplativa, foi a escrita das histórias inclusivas. Esta semana fizemos a segunda e terceira versão da mesma e,  como foi relevante um outro olhar sob suas produções. Eles refletiram as situações, reviram posicionamentos e de maneira muito didática, qualificaram seu trabalho.
Ao questionar um aluno sobre o que colocou no seu texto, uma outra menina falou:
-”Se tu der este fim pro teu personagem, não adianta a profe ensinar essas coisas pra gente”.
Ou seja, ela percebeu, que ao trabalharmos a igualdade e inclusão ,o menino da história não poderia permanecer em situação de desigualdade e exclusão.
Ganhei meu dia nesta manhã,  pois é evidente o que o projeto diversidade está agregando em meus alunos. Percebo a empatia e o fato de refletirem questões de cunho social extremamente importantes para o desenvolvimento da cidadania.
Este trabalho diferenciado que estou realizando em meu estágio, está incluindo, agregando e deixando minha turma muito homogênea dentro de suas heterogeneidades. Os alunos estão sendo respeitados dentro de suas especificidades e me permitindo olhar  até onde conseguem ir em suas limitações. Não importa o resultado, mas sim , aquilo que conseguem mostrar; que é significativo para eles.

Moantoan (2000, p. 20)“Por tudo isso, a inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora. Ela provoca uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade institucional, que, por sua vez, abala a identidade dos professores e faz com que seja ressignificada a identidade do aluno. O aluno da escola inclusiva é outro sujeito, que não tem uma identidade fixada em modelos ideais, permanentes, essenciais”.

O professor consciente de suas obrigações não consegue fechar os olhos à uma realidade que grita à sua porta. Esse é o professor que reconhece o quão significativo é para seu aluno “o aprender”, vendo neste somente o potencial que tem a oferecer. Não discriminando, excluindo ou cobrando. Esse professor cobra a sí próprio, mesmo que por muitas vezes se frustre diante as limitações impostas pelo sistema.

Moantoan (2000, p. 14)Chegamos a um impasse, como nos afirma Morin (2001), pois, para se reformar a instituição, temos de reformar as mentes, mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições.
Não adianta, contudo, admitir o acesso de todos às escolas, sem garantir o prosseguimento da escolaridade até o nível que cada aluno for capaz de atingir. Ao contrário do que alguns ainda pensam, não há inclusão, quando a inserção de um aluno é condicionada à matrícula em uma escola ou classe especial. A inclusão deriva de sistemas educativos que não são recortados nas modalidades regular e especial, pois ambas se destinam a receber alunos aos quais impomos uma identidade, uma capacidade de aprender, de acordo com suas características pessoais”.

Desejo muito ser essa educadora que não delega seus alunos à outros, mas sim, uma educadora que consegue fazer sua parte, que pelo menos tenta , fazer a diferença no processo educacional dessas crianças. Quero me modificar, pois a maior mudança em uma escola parte do professor, ou seja , de dentro da sala de aula para fora dos muros da escola.



segunda-feira, 5 de novembro de 2018


                    

                        

 REFLEXÃO DA 5º  SEMANA DE ESTÁGIO


As atividades desta semana foram muito produtivas ao grupo. Os cartazes referentes ao trabalho infantil que ficaram para tema, foram realizados de forma muito contemplativa, visto o modo como realizaram suas apresentações.  Foi visível em suas falas que se apropriaram desta temática. Suas reflexões apresentaram conteúdo e propriedade.
Ao entrarmos no assunto referente à inclusão, me chamou a atenção o interesse que apresentaram em relação ao material de Libras e Braile. Penso que se eles tivessem acesso à tais linguagens seria muito tranquila a aceitação deles em relação a tais modos de comunicação. Aqui consigo vislumbrar os debates que tínhamos na interdisciplina de Libras onde questionávamos a questão da escola bilingue para crianças surdas. Dei-me conta que eu como educadora, tenho mais bloqueios para lidar com essas questões do que os alunos.
Até hoje, nunca tive alunos surdos ou cegos. Admito que receio essa situação, pelo fato de não ser preparada para conduzir o trabalho pedagógico de uma criança com necessidades específicas. Tive essa certeza, ao ser questionada pelas crianças em coisas simples do material que eu mesma levei e que no entanto, não dominava seu manuseio e uso adequado.
Para mim, há uma lacuna enorme nos cursos formadores de profissionais ligados à educação. Deveríamos dominar outras formas de comunicação , fugindo de apenas trabalhar com o convencional. Aqui , mais uma vez afirmo, que a inclusão parte da “boa vontade do professor” em correr atrás de estratégias e metodologias capaz de auxiliar seu alunos no processo de ensino aprendizagem.  
Essa semana precisei entrar no conteúdo sistema monetário e este, linkado ao projeto diversidade, não ficou como eu gostaria. Percebi muita insegurança de minha parte, e isso, reflete naquilo que ensino. Tentei ao máximo fazer conexões corretas e adequadas, porém deixei a desejar. Afirmo, pois conheço meu trabalho e sei quando não está apropriado ao que desejo em relação ao processo de ensino aprendizagem. Me incomoda saber que talvez eles não consigam acomodar novas informações de modo a fazer destas futuras aprendizagens.
Lamento muito não ter tido mais aulas práticas na interdisciplina de Matemática. Elas estão me fazendo muita falta, visto as dificuldades que estou tendo em relacionar essa disciplina em específico ao projeto trabalhado.
Para trabalhar a interdisciplinaridade é preciso caminhar com passos firmes, saber exatamente o que está fazendo, propondo e buscando. Aqui, está minha falha e a divido com a universidade visto que acredito que poderíamos ter trabalhado tais conceitos de modo mais prático e contemplativo ao dia a dia da sala de aula.
Segundo o Professor BECKER, Fernando (1994):
“ O aluno só aprenderá alguma coisa, isto é, construirá algum conhecimento novo, se ele agir e problematizar a sua ação’. “ Há duas condições necessárias para que algum conhecimento novo seja construído: a) que o aluno aja (assimilação) sobre o material que o professor presume que tenha sido de cognitivamente interessante, ou melhor, significativo para o aluno; b)que o aluno responda para si mesmo `as perturbações (acomodação) provocadas pela assimilação deste material , ou, que o aluno se aproprie, neste segundo momento, não mais do material, mas dos mecanismos íntimos de suas ações sobre este material”.

Pensando e refletindo sobre a fala do Professor Becker, é muito nítido para mim que aquilo que dei para meus alunos problematizarem ficou muito no abstrato, mesmo tendo tido alcançado meus objetivos propostos. Eu não fiquei segura de minha ação pedagógica. Ao mesmo tempo que faço essa reflexão, não posso fugir de me questionar se estou ou não sabendo fazer e conduzir a interdisciplinaridade.
                                        

                                   REFLEXÃO DA 4º SEMANA DE ESTÁGIO
                             
                                      

Essa semana foi muito produtiva no sentido de aprofundamento das ideias abordadas no projeto diversidade. Realizamos conversas e reflexões maravilhosas que me mostraram o quanto esse novo olhar sob o trabalho pedagógico dá ao aluno uma outra perspectiva em relação ao mundo que o cerca.  Moantoan (2000, p. 31)  fala que:
Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovações são, muitas vezes, a concretização do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem muitas resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades.
Este trabalho para mim , não está sendo novidade, no sentido que sempre olhei para meus alunos de inclusão. Penso, acredito e afirmo que a inclusão começa pela boa vontade do professor em promover momentos que contemplem a igualdade em sala de aula. O que está sendo novo para mim e servindo como aprendizado é como estou interferindo no aprendizado dos demais, apresentando uma proposta que os levem a ter outros olhares sob o que estão aprendendo.
Nesta semana fui questionada por uma aluna sobre o porquê estarem aprendendo a respeito do  trabalho infantil. Parei para pensar o que responder, afinal, eu precisava que ela entendesse ,completamente, que no mundo há outras realidades, diferentes das que ela vive e que nestas realidades existem crianças que assim como ela tem  o mesmo direito de ser feliz, no entanto, não possuem as mesmas oportunidades. Para uma menina de oito anos, isso parece distante, mas ela compreendeu o que expliquei e ainda lamentou a situação. Sei que de momento, nada mudará, mas  ao menos, plantei uma sementinha que no futuro, possivelmente germinará em ações e atitudes por parte dela.
Já, em relação às atividades que planejei, precisei deixar algumas de lado, em função de outras, que tomaram um rumo diferente durante sua aplicação. A questão do trabalho infantil, repercutiu de forma positiva em meus alunos. Estes, mostraram empatia e revolta ao mesmo tempo em que foram constatando os motivos que levam crianças a viver em tais condições. A criticidade veio à tona e outras perspectivas de infância foram levantadas: crianças de abrigo e orfanatos. Inclusive, me pediram que eu os levasse em um orfanato.
Penso que como educadora, devo amadurecer essa ideia, principalmente por ter sido uma iniciativa deles. Acredito que no Natal, iremos fazer acontecer essa vontade.
No entanto, de tudo que fizemos nesta semana, o ponto alto foi o momento em que meu aluno afirmou com muita propriedade, segurança e entendimento de sua condição:
-Eu sou autista.
Tal afirmação veio no momento em que debatíamos o livro Meu amigo Down, na biblioteca. Constatei o quanto este projeto está sendo importante para sua auto estima. Nas atividades, ele tem se mostrado muito atuante, colaborativo e o melhor, sentindo-se integrado ao grupo. Na atividade do tangram por exemplo,  ele foi o primeiro a terminar e sem nenhuma dificuldade em montar o jogo. Foi nítido em seu semblante a satisfação que teve em auxiliar seus colegas que apresentaram mais dificuldade com a montagem das peças.  Este aluno tem uma história de vida  e de exclusão muito triste, inclusive no ambiente escolar. Mas hoje, vendo sua evolução, me orgulho de ter feito parte deste processo de autoconhecimento e aceitação. No entanto, o diferencial que este menino apresenta em relações aos outros nas condições de inclusão é que sua família é presente e atuante em sua rotina escolar .
A família, aqui fez o seu papel. Procurou o apoio de uma rede de profissionais para atuarem na evolução psicossocial do menino.   Sobre esse assunto, a autora MOANTOAN,  Maria Egler ( 2000, p. 30)  nos diz que :  
Os pais podem ser nossos grandes aliados na reconstrução da nova escola brasileira. Eles são uma força estimuladora e reivindicadora dessa tão almejada recriação da escola, exigindo o melhor para seus filhos, com ou sem deficiências, e não se contentando com projetos e programas que continuem batendo nas mesmas teclas e maquiando o que sempre existiu.
Uma família que entende sua criança, mas que principalmente o aceite é de extrema relevância para sua auto estima e evolução como cidadão e ser humano. A escola sozinha, consegue muito pouco, perto de quanto está aliada à uma junção de pessoas ,ideias e ações  envolvidas em auxiliar a quem quer que seja.
A inclusão acima de tudo, ao meu ver, se conecta à uma única palavra: EMPATIA.










                              

                            REFLEXÃO DA 3 º SEMANA DE ESTÁGIO



Durante esta semana,  alguns de meus alunos apresentaram uma considerável dificuldade em compreender o conceito METADE. Mesmo trabalhando com material concreto ( palitos de picolé e tampinhas), visualizando, fazendo a divisão utilizando-me das próprias crianças e desenhando, para alguns, ainda ficou bem abstrato assimilar o que  representam as metades.
 Outros porém,  já demonstraram estar construindo em si, este novo aprendizado. Como estratégia para desenvolver este conceito com todos, propus que se ajudassem mutuamente para que assim, fossem  fazendo as descobertas que este conteúdo propõe. Aqui, fica muito nítida a questão do tempo que a criança precisa para fazer novas assimilações, demonstrando fortemente que todo aprendizado é altamente singular, mesmo vinculado à estratégias grupais.
Ana Ruth Starepravo que é doutoranda em Psicologia pela Universidade de São Paulo e especialista em campo multiplicativo percebeu que:
“ Mesmo marcados pelo modus operandi do ensino tradicional, os alunos estabeleciam conexões entre o que já sabiam e as novas propostas. Porém é preciso retomar certas questões para que as relações entre as operações sejam compreendidas de fato. “Muitas crianças repetem bem os procedimentos que aprendem, mas não têm compreensão do conceito”, diz. O jogo é uma atividade propícia para introduzir o trabalho com campos conceituais com os mais velhos, pois nele a criança geralmente está livre das exigências habituais e pode se valer de todo tipo de procedimento”.
Assim sendo, cabe à mim como educadora, criar novas maneiras que permitam ao aluno, ir construindo seu aprendizado de forma mais contemplativa às suas dificuldades, Vejo no jogo, uma excelente ferramenta para desenvolver tais questões, pois assim, brincando, irá aos poucos, elaborando em sí, novos conceitos que servirão de base para futuros aprendizados.
Sigo ainda tendo bastante dificuldade em linkar nosso eixo temático aos assuntos que preciso trabalhar em minha turma. Sinto que essa dificuldade está me bloqueando, fazendo com que eu não consiga elaborar metodologias criativas para abordar o tema diversidade.  Essa dificuldade entretanto, está pontual na Linguagem Matemática.
Ao abordar a questão da diversidade, que envolve os diferentes tipos de infâncias vivenciadas por muitas crianças, percebi um interesse bastante notório em meus alunos na questão abordada. Ao debatermos e refletirmos sobre o fato de muitas crianças necessitarem trabalhar por  miséria ou pela simples exploração, constatei uma enorme empatia por parte deles.  Os exemplos que citaram, as reflexões que construíram me fizeram sentir orgulho daquilo que já conseguem expressar. Percebi que aquele trabalho de formiguinha durante muitos meses fazem com que aos poucos, eles percebam que são cidadãos de uma sociedade e que podem analisar e questionar sua sistemática. O interesse deles foi tanto, que precisamos de mais tempo que o planejado por mim para concluirmos as tarefas propostas para esse assunto. Os escritos que fizeram sobre o tema abordado mostraram-se bastante críticos à essa problemática. Dei-me conta que mesmo sendo crianças conseguem opinar com convicção sobre aquilo em que acreditam.
Por esse motivo as atividades que envolviam formas geométricas e tangram precisaram ficar para próxima semana.

REFERÊNCIA: