REFLEXÃO DA 8º SEMANA DE ESTÁGIO
Nesta semana ocorreram alguns imprevistos com os quais eu
não contava e que modificaram o andamento do meu planejamento. Na
terça-feira , fui informada por minha supervisora que na quarta e quinta-feira
meus alunos iriam realizar a prova do Sistema da Avaliação do Rendimento
Escolar do Rio Grande do Sul ( SAERS). Essa avaliação é realizada em
todas as turmas de 3º ano do Estado. Por esse motivo, não pude contemplar
muitas de minhas tarefas. Realizei as que pude e as demais joguei para próxima
semana.
Fora isso, foi uma semana onde duas atividades se ressaltaram de forma muito gratificante. A
primeira foi a confecção da boneca Abayomi e a outra, para minha surpresa foi ovídeo do Garoto Tambor. Sinceramente eu não esperava um grande retorno por parte dos alunos em relação à esta atividade, porém para minha surpresa, os alunos foram muito receptivos e interpretaram a tarefa de forma que me emocionou.
Em relação à confecção da bonequinha, foi uma atividade que os motivou de forma muito positiva, inclusive por sua bela história. Porém, tiveram dificuldade em executá-la. Muitos alunos não conseguiam fazer os nós que a modelam, precisei ajudar e contar com o apoio de quem ia conseguindo fazer. Por fim, acabou sendo uma tarefa colaborativa, pois necessitou do empenho do grupo todo para realizá-la.
Me chamou atenção a questão da inabilidade em relação à motricidade fina. Crianças com 8 e 9 anos já deveriam ter essa habilidade. Vejo aqui, a importância da pré escola onde tal habilidade é trabalhada de forma cuidadosa e diversificada.
Em relação ao vídeo do Garoto Tambor, o depoimento de um aluno durante a atividade me mostrou o quanto é válido uma proposta que os façam refletir e desacomodar seus sentimentos. Deixarei abaixo, um anexo do seu escrito ao ser questionado se tivesse o poder do tambor, o que faria para si ou alguém. Como educadora, não esperava a sua sinceridade. Esta, me emocionou de tal maneira que chorei ao ler. Abracei o menino e apenas falei o que me veio na hora; que ele tinha um
coração muito bom. Não sei se foi o correto, as palavras que ele precisava
ouvir, enfim…
Trabalhar a questão da negritude neste projeto, está sendo muito gratificante. Este, está trazendo aos debates, questões que abordamos em outros contextos, porém como houve um
significado para eles, está sendo possível refletiram e linkarem ao que surge de novo.
Gonçalves e Silva , Petronilha Beatriz nos diz que:
Por isso a educação das relações étnico-raciais deve ser conduzida, tendo-se como referências os seguintes princípios (BRASIL, 2004b, p. 17):“consciência
política e histórica da diversidade; fortalecimento de identidades e de direitos; ações de combate ao racismo e a discriminações”.
Para desencadear, executar, avaliar processo de educação das relações étnico-raciais é preciso que se compreenda como processos de aprender e de ensinar têm se
constituído, entre nós, ao longo dos 507 anos de história de formação da nação.
É sabido que aprender-ensinar-aprender, processo em que mulheres e homens ao longo de suas vidas fazem e refazem seus jeitos de ser, viver, pensar, os envolve em trocas de significados com outras pessoas de diferentes faixas etárias, sexo, grupos sociais e étnico-raciais, experiências de viver. Tratar, pois, de ensinos e de aprendizagens, é tratar de identidades, de conhecimentos que se situam em contextos de culturas, de choques e trocas entre jeitos de ser e viver, de relações de poder.
Trabalhar a história de nosso povo é importante para sabermos nossas origens, bem como compreender, que através da dor, muito se aprende.
Desenvolver esse projeto em minha turma está me mostrando que todos trazem suas marcas e que em pequenas atividades deixam transparecer aquilo que é sua essência, sua verdade.
Mais do que história, estou trabalhando emoções e sentimentos que fazem parte do desenvolvimento emocional, cognitivo e social de meus alunos. Isso é muito mais válido do que ensinar uma técnica ou equação. Estou aprendendo com eles o que querem aprender. Estou aprendendo que eles também tem a sua história que por detrás delas há todo um contexto que justifica comportamentos, falas e ações. . Em sua sinceridade, cada criança me mostra que sua vida precisa linkar-se o conhecimento científico da escola, pois só assim este fará sentido.
A identidade de cada aluno, precisa estar na frente de cada conceito e trabalhando a diversidade estamos contemplando este grande universo complexo que é o “ser alguém único, singular” dentro de uma pluralidade infinita.