terça-feira, 5 de dezembro de 2017



                                                           ALTAS HABILIDADES

Na sala de aula, cada aluno é singular em suas especificidades e todos possuem potencial para aprendizagem; o que difere aqui é o tipo de potencial que esta criança desenvolve, pois muitas vezes são habilidades que fogem do convencional, fazendo com que seu professor precise buscar por estratégias e recursos que contemplem seu modo de aprender.
Tenho em minha turma uma menina que me ensinou a trabalhar com ela. Foi através de seu trabalho que aprendi qual metodologia usar e como deveria olhar e compreender o seu talento. Ela não é alfabetizada, mas através de seu desenho interage com o grupo e participa com suas opiniões nos debates de sala de aula. “Qualquer sistema de ensino, de modo geral, tende a ser focalizado na média, e a identificação e o encaminhamento das necessidades educativas especiais clamam pela flexibilização de alternativas, sob risco de sufocar os potenciais”. Sendo assim, tudo que é voltado à ela precisa ser flexível ao seu jeito de ser e interpretar. Não aceita intervenções em seus trabalhos bem como  opiniões que divirjam daquilo que é sua verdade.
Vejo nesta menina uma artista com potencial fora do comum, porém sua família não reconhece essa habilidade como algo que possa fazer a diferença em sua vida. Cobram de mim e da escola, resultados que não chegarão tão cedo e invalidam aquilo que conseguimos com ela. Esse vínculo quebrado entre escola e família é o que dificulta seu pleno desenvolvimento intelectual, pois a criança com altas habilidades necessita desta rede de apoio em sua volta, para que consiga ter o suporte necessário à sua aprendizagem.
Não posso deixar de relatar aqui o modo como fiquei impactada com o vídeo “Minha Linguagem”. Admito que tive olhos preconceituosos com aquela menina, pois jamais poderia imaginar o potencial que ela possui.
Assim é, com muitos de nossos alunos. Na maioria das vezes são rotulados pelo estigma de quem os vê, mas que desconhecem o seu verdadeiro eu.

sábado, 2 de dezembro de 2017





                                          CENSO 

Leciono na E.E.E.F. Souza Lobo com uma turma de  3º ano, composta por 19 alunos, sendo 9 meninas e 10 meninos. Dentre estes, tenho dois alunos com necessidades especiais. Todos são de Porto Alegre e região metropolitana, exceto duas crianças vieram de outras cidades
Fazer o censo de minha turma foi como vê-los no espelho, pois analisei dados que se mostram  em minha rotina, mas que até o momento eu não havia refletido em como tais estatísticas, revelam o perfil dessas crianças.
Por exemplo: minha turma tem por característica ser muito infreqüente às aulas. Por consequência,  os alunos com menor índice de aprendizado são aqueles que possuem menos de 80% de assiduidade. Outro dado que me deixou chocada foi o fato de meus alunos negros/pardos serem os mais carentes em aspectos econômicos e emocionais, acompanhados  do baixo rendimento escolar.  Constato aqui que vivemos em um país onde os negros vivem  à margem de seus direitos como cidadãos, pois se de fato esses direitos lhes fossem garantidos,  estes números não seriam dados do meu levantamento.
Os alunos com necessidades especiais, configuram os mais velhos do grupo. Ambos estão repetindo o 3ºano , fazem acompanhamento com  profissionais  especializados e frequentam e a sala de recursos. O que mais me chama a atenção é que eles não possuem o devido “olhar” familiar de que necessitam; não me refiro à negligência, mas sim uma desestruturação que não permite à tais contextos privilegiar à essas crianças a estrutura de que precisam para se desenvolver integralmente.
 Em uma perspectiva mais ampla, considero muito válido a realização deste censo,pois sua finalidade permite conhecer a clientela escolar assim  como suas necessidades. Dentro desta homogeneidade se destacam heterogenias singulares que diversificam a interação entre as crianças, propiciando assim a troca de culturas e valores essenciais à formação de cada um.