DIGNIDADE
Sou professora contratada na Escola
Pública Estadual há 9 anos. Desde o início percebi um preconceito em relação à
este tipo de regime trabalhista.
É como se todos os dias tu precisasse
comprovar aos demais colegas de que és uma profissional capaz e merecedora de
estar dentro desta Instituição Educacional.
Por vezes, ouvi comentários desagradáveis, os qual me
colocavam em uma situação constrangedora e ao mesmo tempo de total impotência,
já que não tenho como evitar tais desconfortos; a não ser com meu trabalho, o
qual sei que realizo com
profissionalismo , dedicação e empenho.
Durante o processo de entrevistas e
pesquisas percebi que muitos educadores falam abertamente sobre o porquê serem
contra aos contratos. Vêem essa situação como um modo de sucatear ainda mais a
educação pública “ sou defensor de concurso público, pois
penso que contratos são mais uma forma de precarizar a profissão de
professor...” “e complementando, já fui contratado e num belo dia fiquei desempregado...” tal situação, citada é uma realidade que há longa data
faz com que profissionais sintam-se envergonhados de sua condição trabalhista,
prejudicando sua auto estima e minando seu potencial psicológico.
Para o
governo é conveniente essa mão de obra barata, já que todo educador contratado
é isento dos benefícios estabelecidos no Plano de Carreira do Magistério “Os professores contratados não são
incluídos no Plano de Carreira do Magistério Público Estadual que prevê
garantias como a estabilidade, férias, redução de carga horária, licenças,
quinquênios,
etc..” tal condição obriga o
professor a ter uma segunda fonte de renda ,afetando assim, sua capacitação
profissional .
Com base no trabalho de pesquisa
realizado por mim, concluo que o professor contratado está à margem da dignidade que todo
profissional merece ter, pois o único reconhecimento que às vezes, recebe e
após muito mostrar seu trabalho é o reconhecimento da comunidade escolar. Este
reconhecimento não pode ser desmerecido, muito pelo contrário, na maioria das
vezes é o único estímulo que o professor recebe, no entanto, como profissional,
fica sempre a beira dos demais, não podendo participar
de cargos da direção escolar, nem de
decisões importantes no mesmo âmbito.
Essa situação está longe de ser
normalizada. Acredito que com novas leis e um outro olhar para a educação como
o único método de transformar a sociedade teremos o professor respeitado em
seus direitos; aqui refiro-me à professores como classe, independentemente de
nomeados ou contratados, pois na verdade nos dias atuais, ser professor público
é viver de esperança... esperança em dias melhores para nossas crianças.