sexta-feira, 22 de abril de 2016

                                              
                                     O BRINQUEDO


Esta semana participei de um evento em comemoração à semana do livro.
O lúdico   foi amplamente difundido e abordado como parte inerente ao desenvolvimento da leitura  e escrita. “O embrião do ler e do brincar é o mesmo”. “Brincar e ler é a mesma coisa”.
A fala da palestrante e autora Cris Dias me chamou a atenção em vários pontos. 
Fatos históricos desconhecidos por mim, como a Alemanha quando destruída ter investido no brinquedo para recomeçar. Recomeçar a partir dos sonhos das pessoas, das crianças adormecidas em seu ser. E, atualmente ser a maior potência neste setor, no mercado.    
        Brincar é uma condição humana e o brinquedo é o pilar para três condições do desenvolvimento humano:
a)     PERTENCIMENTO :  o brinquedo te faz igual à todos; brincando tu pertences à um grupo; o brinquedo te coloca em um conjunto.
b)    ANCESTRALIDADE:  brincar com brinquedos que pertenceram à outras gerações te dá uma história, te coloca dentro de uma história.
c)     SER LIVRE:    o brinquedo te permite ser quem quer, o que quer, quando quer e se quer, ou seja, dentro do brinquedo tu és livre. 
Uma explanação muito bonita foi a de que um brinquedo feito pelas mãos de um artesão, tem uma relação amorosa de alma para alma, pois o amor de quem confeccionou aquele objeto, vai junto para o seu brincante.
Muito foi dito nesta manhã maravilhosa e proveitosa.  Fiz várias anotações, porém a que seguirá comigo como alfabetizadora é a seguinte:
“Brincar é um projeto de leitura”! Cris Dias
           

sábado, 16 de abril de 2016

                                                 
                                  LUGAR DE ENCANTAMENTOS



Minha escola é privilegiada por termos uma bibliotecária apaixonada pelo mundo literário e artístico. Além de exercer suas funções como exímia profissional é uma excelente atriz e contadora de histórias. 
A magia acontece quando ela alia essas duas artes e transforma uma simples história infantil em algo extraordinário, onde os personagens ganham vida através dos alunos.
A hora do conto nunca é uma simples hora do conto. É muito mais que isso. É o momento em que o teatro invade a biblioteca e tudo ganha voz e cor.
A maneira lúdica como as crianças interagem, se transformando nos atores e incorporando características que não são suas, os levam  para o mundo do faz de conta, onde tudo pode, tudo acontece.


         Não raro descobrimos talentos escondidos em alunos tímidos e desajeitados, mas que no brincar mostram todo seu potencial.


        Nas vezes em que não há a contação de histórias, o momento da biblioteca serve para descobrirmos os segredos de outros saberes, onde a busca é feita individual, em grupo e direcionada pela Professora Jane Basso.


          No RS são menos de 50 profissionais formados trabalhando nas escolas públicas. O que vemos, geralmente, são professores afastados da sala de aula "quebrando um galho" na biblioteca. 
O que se perde? O amor ao livro, a arte.  Somente quem ama o que faz consegue transferir esse sentimento ao outro. E se uma criança nos dias em que a tecnologia móvel é o lazer favorito, nada mais justo do que aplaudir em pé o trabalho de quem consegue tirar o sorriso de uma criança  com uma simples história infantil.
         

sábado, 9 de abril de 2016




SALA DOS PROFESSORES



Essa semana aconteceu um episódio que me deixou desconcertada.
Como já comentei em outra postagem, tenho uma aluna autista e ela adora  fazer desenhos.  Para enriquecer seu aprendizado a levei na sala dos professores onde há um computador disponível. Ali, ela olhou gatinhos, águias, morcegos, coelhos, elementos que ela gosta e que fazem parte de seu mundinho.  Também digitou palavras e  interagiu com os profes que ali estavam.
No primeiro dia, tudo ok! Porém, no segundo  fui advertida  de que levar a menina neste ambiente para usar o computador não daria certo, pois estaria tirando a privacidade dos professores.
Fiquei muito braba, pois vender Avon e Natura na sala dos professores pode! Vender roupa pode! Vender cuca e linguiça pode! Falar bobagem pode! Fazer politicagem pode! Professores  perderem seu tempo jogando memória no computador pode! Mas usar o espaço, da escola, em um  período disponível para trabalhar a dificuldade de aprendizagem de uma aluna não pode? Isso é falta de respeito!É não permitir a inclusão.
Como educadora eu estava fazendo o meu papel e para isso não escolho lugar, desde que contemple as necessidades de meu aluno. Ela não estava atrapalhando ninguém, muito pelo contrário, quem estava ali, pode se maravilhar com seu jeito singular de ser. Mas não adianta, só quem convive diretamente com essas crianças consegue compreender a magia desde universo, à parte ,que eles nos oferecem.
Eu poderia ter usado o laboratório de informática. Porém este está sempre fechado e com os equipamentos desligados. Eu poderia ter pego a chave e ligado os aparelhos? Não! Pois não sou autorizada para tal tarefa.
Compreendo que dentro de uma escola há diversos espaços e que estes devem ser respeitados. Mas em minha concepção de professora, a palavra que deve mover, gerenciar, girar, fazer movimentar uma escola é FLEXIBILIDADE.
 A escola deve ser pensada e preparada para todas as crianças conviverem de forma saudável e íntegra, respeitando suas limitações, necessidades e capacidades. Uma escola livre de barreiras e “frescuras” é a ideal.
Sala dos professores não é um santuário!!!


sábado, 2 de abril de 2016


AUTISMO



   


Tenho uma aluna artista. Com tesoura e papel nas mãos, faz verdadeiras maravilhas, verdadeiras obras de arte, que tenho certeza, com o decorrer dos anos irão se aperfeiçoar e dar à esta criança uma posição de destaque no ofício que creio, irá exercer: a arte.
Ela é  como todos os outros, tem seu modo de aprender, suas peculiaridades, seu próprio ritmo, enfim tem a singularidade que cada criança possui no espaço escolar.
Na última sexta- feira, comentei com seu pai, que naquela semana ela tinha feito poucas atividades e que estava com o comportamento um pouco alterado. O pai prontamente me disse que ela se faz de desentendida e que eu não cobro dela como deveria cobrar; com todas as letras, disse que a deixo solta demais.
Fiquei extremamente chateada! Por ela e por mim. Sendo autista,  ela não se faz de desentendida. Cabe à nós compreender o seu modo de ser e pensar.
Quanto à mim, professora , me desdobro para conseguir com que  realize o mínimo de tarefas que lhe acrescentem em sua evolução pedagógica, já que  oscila no aspecto comportamental.
Avalio seu desenvolvimento cognitivo de uma forma extremamente detalhada, aproveitando cada oportunidade que  me dá. Ela participa das atividades do grande grupo, sempre adaptando as tarefas ao seu modo de ver as coisas. Tem um mundinho próprio e,  às vezes, permite que eu e os coleguinhas nos aproximemos, porém, sempre respeitando seus limites
 Compreendo a posição da família em querer que a criança leia e escreva, some e subtraia. Isso é natural. Porém, temos tempo para isso. Hoje a socialização é o aspecto mais importante a ser desenvolvido aqui. Uma criança autista necessita desenvolver esta habilidade muito mais que as outras, já que devido às características de sua patologia, tende a se isolar.
 A falta de compreensão, visão e confiança da família, no profissional que acompanha o aluno com necessidades especiais,  prejudica o trabalho pedagógico a ser feito, pois não enxergam como aprendizado as pequenas ações da rotina de sala de aula.
Este dinossauro foi feito pois estávamos falando de um texto sobre monstros.
Ela ainda não está alfabetizada, mas estamos trabalhando para isso. Através de sua arte, as palavras lhe são apresentadas.
Como educadora, faço minha parte colaborando para o processo de ensino e aprendizagem desta aluna artista.