A ESCOLA NO MOVIMENTO SEM TERRA
Vejo com olhos dúbios essa questão.
Primeiro, ter uma estrutura escolar é
essencial.
Certa vez, ouvi dizer, não recordo onde, que o
bom professor dá aula até embaixo de uma árvore. Tudo lindo, tudo maravilhoso,
porém a questão aqui não é o professor e
sim os alunos.
Em nossas escolas convencionais, onde temos o
mínimo de estrutura, percebemos nitidamente a precariedade do sistema. Imagina
a funcionalidade de uma escola itinerante?
Pelo que entendi e pelo pouco que sei deste
movimento, muitos ainda não estão assentados. Como ficam essas crianças em
idade escolar, indo de um lado para outro, sem o seu chão próprio? Aqui refiro-me
ao seu lar e sua escola.
A escola precisa ser uma referência,
como a do exemplo citado no material
para estudo. A Escola Madre Cristina
atende um grupo de Sem Terras já assentados. Ao meu ver, por isso deu certo. Aquelas pessoas
estão felizes por conseguirem o seu pedaço de chão, estão motivadas . Estudar aqui, se mostra como uma oportunidade
de melhorar de vida, ou seja, ter mais
qualidade de vida para si e seus filhos.
Mas voltando à minha ideia anterior, fico me
indagando em relação às crianças que estão nos grupos sem assentamento. Essas
crianças vão de um lado para outro, pois a cada invasão frustrada precisam por
o “pé na estrada”, ou seja, muitos dias
sem escola, rotina, lazer, informação, interação entre seus pares, ludicidade,
o brincar livre. Tudo isso é propiciado pelo ambiente escolar adequado. Pela
vida livre que possuem, acredito que sejam crianças muito felizes, são soltas,
porém é uma liberdade sem orientação. Para mim isso é errado.
Que futuro terão? Qual a perspectiva de sair
desse contexto, estudar, concluir o Ensino Médio, buscar uma formação acadêmica naquilo que
querem? Para mim, eles não podem sonhar
em ser médicos, advogados, veterinários, etc... pois a estrutura onde estão inseridos não contempla tais oportunidades.
Não estou falando que os professores são incapacitados. Acredito, inclusive que
fazem de tudo, para no mínimo, alfabetizar seus alunos. Porém, é fato que ler,
escrever e contar é muito pouco.
Essa realidade favorece apenas ao sistema,
que encontra neste movimento, um futuro certeiro para mão de obra barata e desqualificada. Não quero parecer cruel em
minhas palavras e previsões, posso
inclusive estar errada, porém tais circunstâncias apontam apenas para o
descrédito ao que tal movimento sinaliza.
Toda essa situação, para ser resolvida,
depende unicamente de nosso governo. Este,
precisa priorizar os assentamentos, o chão que essa gente sonha. Mas o
que deve ser considerado ao máximo é o direito que essas crianças tem à
educação, uma educação digna e de qualidade.