terça-feira, 21 de abril de 2015

MINHAS MEMÓRIAS

                                                         MINHAS MEMÓRIAS


A primeira imagem que me remete à educação é de ficar apreciando as crianças indo à escola, e a vontade de fazer parte daquele mundinho, isso aos 3, 4 anos de idade.
Recordo que aos 8,9 anos já liderava brincadeiras de rua, tal qual uma professora com seus alunos.  Nessa época, ou um pouquinho mais tarde, recebi minha primeira aluna particular, seu nome era Ana e sempre lhe ajudava  com reforço escolar. Por três anos consecutivos,  deu certo. Recebia até um dinheirinho por isso.
No Ensino fundamental, destacava-me dos outros alunos, pela forma criativa de fazer, abordar e apresentar os trabalhos. Gostava de auxiliar meus colegas, de envolver-me nas festas e apresentações. Era  boa aluna, mas nunca fui a 1ª da classe. Um professor sempre dizia que eu corria por fora em relação aos demais. Não gostava de ouvir isso.
Via os professores como “deuses” na terra. Meu espelho e referência. Lembro de quase todos.  De suas histórias, seu modo de dar aula. Lembro do perfume do professor Nilo! Até as folhas de ofício tinham o cheiro dele. Lembro que eu ficava olhando as profes lá na frente do quadro verde e achava aquilo simplesmente o máximo. Queria ser igual a elas. Elas eram inteligentes, bem vestidas, eram bonitas. Eu me via  no lugar delas.
Um dia  a professora de Português, Susete, pediu para ajudar a corrigir as provas, eu simplesmente fui ao céu e voltei.
Aos 15 anos ingressei na Escola Paulo Da Gama para cursar o Magistério, iria ser professora. Era um mundo novo, uma linguagem até então desconhecida, mas identifiquei-me com  as palavras de muitas professoras e colegas: o quanto é gratificante ensinar uma criança.
Foi um período maravilhoso e também muito difícil. Muitas vezes, não tinha o dinheiro da passagem e fazia a pé o percurso do T4, que era o segundo ônibus que eu utilizava. Eram quatro conduções ao dia. Nas terças-feiras, era necessário ficar na escola no período da tarde. Em muitas ocasiões minhas amigas pagavam o almoço para mim. Digo amigas porque algumas permanecem até hoje.
Aprendi demais na fase de adolescência, embora hoje, eu pense diferente. Acredito que nesta idade não estamos prontas para assumir uma turma. Somos imaturas. Eu era.
Meu estágio na Escola Violeta Magalhães foi horrível!  Me  deram uma 4ª série só com alunos  repetentes. Eu tinha 18 anos e algumas das “crianças” 16.  Eles não tinham professora titular e eu fiquei sozinha até que a SEC mandasse alguém. Fiz muita coisa errada só hoje tenho consciência disso. Conduzi a turma como pude. Não tirei um 10 no meu estágio, mas a frase que ouvi de minha supervisora valeu mais que isso: TU TENS JEITO PRA COISA GURIAZINHA!!! Pensa numa pessoa feliz? Eu!
Nessa época eu já trabalhava em escolas infantis, comecei ainda no curso Magistério como estagiária pela Prefeitura de Porto Alegre, depois de formada, segui pelo mesmo caminho porém, na rede particular.
Aos 20 anos casei. Aos 23 tive meu filho. Nunca parei de trabalhar. Mas conciliar marido, filho pequeno, trabalho e faculdade, nesta época, foi impossível. Tanto que, iniciei o curso de Pedagogia por duas vezes, em duas Universidades distintas, Ulbra e La Salle. A questão financeira também foi predominante.
A Educação Infantil foi a maior  experiência profissional que tive. Nas diversas escolas  em que trabalhei aprendi a ser professora e me deram uma excelente base profissional. Ao todo, foram 17 anos de aprendizado e boas relações. Por outro lado, eu não me sentia feliz, não me sentia professora, nem reconhecida, era mal remunerada e o pior, me sentia explorada, pois, trabalhava quase 12 horas por dia.
Em 2005, fui aprovada no concurso Estadual, porém não fui nomeada assim como quase ninguém. Porém, fui chamada para trabalhar como contrato emergencial, isso já em 2008. Fui bem faceira, iria largar, aquela vida de cuidar dos sapatinhos da “Barbie” e das rodinhas dos “Hot Wheels”. 
Na pré escola,   ao meu ver,  o  foco dos pais é que cuidem dos  seus filhos  e dos brinquedos deles. Não é o aprendizado em si que conta ,  e eu , estava saturada disso. Queria dar aula.  Eu até conseguia trabalhar com projetos, ensinei muitas crianças a ler, mas faltava alguma coisa...eu não queria ser a tia Ester... queria ser a Professora Ester!
E assim foi... em março de 2008 assumi minha primeira turma no Estado. De lá pra cá, muitos alunos, histórias e vidas passaram por mim. Sou grata por todos, pois sei que de alguma forma, fiquei  e marquei  cada um deles, assim como eles à mim.  
A sala de aula é meu porto seguro. Ali me sinto segura, é meu chão. Mas quando, no ano passado fui aprovada com uma vaga na UFRGS, tive a certeza de que além de segura, serei uma professora preparada no chão que escolhi  para encarar  futuras gerações que estão chegando.
E não quero parar por aqui, quero estudar até quando conseguir, quero estudar até o corpo aguentar...







segunda-feira, 20 de abril de 2015

Amanhã quero e serei uma professora melhor

Acreditar que posso fazer a diferença na vida de alguém é o que me faz buscar mecanismos de aperfeiçoar aquilo que já sei, formas de aprender aquilo que não sei e repensar aquilo que penso que sei.
Em nossa profissão, aprendemos todos os dias. Aprendemos que muitas vezes, estamos erradas em teorias que defendemos há anos e como é desconfortável admitir estar erradas em nossas atitudes, no modo de ensinar, em nossa fala, no modo como abordamos e corrigimos nosso aluno. Com certeza, tudo que fazemos é com a intenção de oferecer o melhor à essa criança que está diante de nós. Mas nos fechamos às mudanças e cegamos diante nossa arrogância de "bom profissional" e deixamos o tempo passar, o mofo chega e quando vemos a tecnologia bate à nossa porta.
Ontem meu sobrinho de 10 anos   configurou aqui no portfólio, em minutos, coisas que há dias eu não conseguia. A magia dos seus dedinhos ágeis me encantou! A segurança em mexer no computador, o não ter problema em errar e fazer novamente, o não ter medo da máquina  fez refletir minha postura como professora. As crianças de agora, aprendem diferente, querem uma professora diferente.  Como trabalhar com esse aluno se eu me nego a levá-los no laboratório de informática por não saber utilizar a tecnologia disponível na escola?
O PEAD, chegou em tempo de me reciclar como professora....assim poderei dizer:
-Amanhã quero e serei uma professora melhor!

terça-feira, 14 de abril de 2015

COINCIDÊNCIAS DA VIDA

  Na aula de ontem, a fala de uma das profes foi mais ou menos assim: " a melhor coisa para um professor é rever seus alunos que já se foram..." Concidência ou não, hoje pela manhã, entra pela minha porta, esse aluno querido, que muito precisou de mim como professora e do meu olhar como ser humano.O diferencial que fomos na vida um do outro nos marcou, deixou valores enraizados, sementes frutificadas e a certeza de que aquilo que se faz com amor, dedicação e perseverança, acaba virando uma visitinha inesperada no final de uma manhã qualquer.