REFLEXÃO
DA 4º SEMANA DE ESTÁGIO
Essa semana foi muito produtiva no
sentido de aprofundamento das ideias abordadas no projeto diversidade.
Realizamos conversas e reflexões maravilhosas que me mostraram o quanto esse
novo olhar sob o trabalho pedagógico dá ao aluno uma outra perspectiva em
relação ao mundo que o cerca. Moantoan (2000, p. 31) fala que:
Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes
inovações são, muitas vezes, a concretização do óbvio, do simples, do que é
possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido
por todos e aceito sem muitas resistências, senão aquelas que dão brilho e
vigor ao debate das novidades.
Este trabalho para mim , não está sendo
novidade, no sentido que sempre olhei para meus alunos de inclusão. Penso, acredito
e afirmo que a inclusão começa pela boa vontade do professor em promover
momentos que contemplem a igualdade em sala de aula. O que está sendo novo para
mim e servindo como aprendizado é como estou interferindo no aprendizado dos
demais, apresentando uma proposta que os levem a ter outros olhares sob o que
estão aprendendo.
Nesta semana fui questionada por uma
aluna sobre o porquê estarem aprendendo a respeito do trabalho infantil.
Parei para pensar o que responder, afinal, eu precisava que ela entendesse
,completamente, que no mundo há outras realidades, diferentes das que ela vive
e que nestas realidades existem crianças que assim como ela tem o mesmo
direito de ser feliz, no entanto, não possuem as mesmas oportunidades. Para uma
menina de oito anos, isso parece distante, mas ela compreendeu o que expliquei
e ainda lamentou a situação. Sei que de momento, nada mudará, mas ao menos, plantei uma sementinha que no
futuro, possivelmente germinará em ações e atitudes por parte dela.
Já, em relação às atividades que
planejei, precisei deixar algumas de lado, em função de outras, que tomaram um
rumo diferente durante sua aplicação. A questão do trabalho infantil,
repercutiu de forma positiva em meus alunos. Estes, mostraram empatia e revolta
ao mesmo tempo em que foram constatando os motivos que levam crianças a viver
em tais condições. A criticidade veio à tona e outras perspectivas de infância
foram levantadas: crianças de abrigo e orfanatos. Inclusive, me pediram que eu
os levasse em um orfanato.
Penso que como educadora, devo
amadurecer essa ideia, principalmente por ter sido uma iniciativa deles.
Acredito que no Natal, iremos fazer acontecer essa vontade.
No entanto, de tudo que fizemos nesta
semana, o ponto alto foi o momento em que meu aluno afirmou com muita
propriedade, segurança e entendimento de sua condição:
-Eu sou autista.
Tal afirmação veio no momento em que
debatíamos o livro Meu amigo Down, na biblioteca. Constatei o quanto este
projeto está sendo importante para sua auto estima. Nas atividades, ele tem se
mostrado muito atuante, colaborativo e o melhor, sentindo-se integrado ao
grupo. Na atividade do tangram por exemplo, ele foi o primeiro a terminar
e sem nenhuma dificuldade em montar o jogo. Foi nítido em seu semblante a
satisfação que teve em auxiliar seus colegas que apresentaram mais dificuldade
com a montagem das peças. Este aluno tem
uma história de vida e de exclusão muito
triste, inclusive no ambiente escolar. Mas hoje, vendo sua evolução, me orgulho
de ter feito parte deste processo de autoconhecimento e aceitação. No entanto,
o diferencial que este menino apresenta em relações aos outros nas condições de
inclusão é que sua família é presente e atuante em sua rotina escolar .
A família, aqui fez o seu papel.
Procurou o apoio de uma rede de profissionais para atuarem na evolução
psicossocial do menino. Sobre esse assunto, a autora MOANTOAN, Maria Egler ( 2000, p. 30) nos diz que :
Os pais podem ser nossos grandes aliados na reconstrução da nova escola
brasileira. Eles são uma força estimuladora e reivindicadora dessa tão almejada
recriação da escola, exigindo o melhor para seus filhos, com ou sem
deficiências, e não se contentando com projetos e programas que continuem
batendo nas mesmas teclas e maquiando o que sempre existiu.
Uma família que entende sua criança, mas que principalmente o aceite é
de extrema relevância para sua auto estima e evolução como cidadão e ser
humano. A escola sozinha, consegue muito pouco, perto de quanto está aliada à
uma junção de pessoas ,ideias e ações envolvidas em auxiliar a quem quer
que seja.
A inclusão acima de tudo, ao meu ver, se conecta à uma única palavra:
EMPATIA.
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