sábado, 17 de novembro de 2018

 
REFLEXÃO DA 7º SEMANA DO ESTÁGIO




Trabalhar a questão indígena foi muito produtivo pelo interesse demonstrado pelos alunos, mas ao mesmo tempo, a falta que tenho de conhecimentos sobre essa cultura me deixou insegura por alguns momentos.
Grupioni (1996, p. 424) constatou que “dentro da sala de aula, os professores revelam-se mal informados sobre o assunto, e os livros didáticos, com poucas exceções, são deficientes no tratamento da diversidade étnica e cultural existente no Brasil [...]” e isso, em grande parte se deve ao fato de a formação profissional não contemplar a temática indígena.
É fato, que nós professores só sabemos sobre essa cultura  aquilo que buscamos por conta própria e aquilo que vemos em nosso dia a dia. Ou seja, a forte presença e invasão de nossa cultura, atrelada à deles.
Através do vídeo que assistimos, foi  incrível a percepção que as crianças têm na diferenciação do modo de viver a infância em uma aldeia e na cidade. Para eles a criança indígena é mais livre para brincar pois não corre os riscos de violências existentes na cidade.
 Esse argumento foi a conclusão de quase todos alunos ao serem questionados sobre as diferenças e semelhanças nas brincadeiras entre eles. No entanto, essa realidade não é para a maioria dos indígenas e tentei deixar essa questão bem clara para eles.
Bergamaschi Gomes( p.57) “Embora, nas imagens de índios apresentadas pelos livros didáticos predomine um ser do passado e ignore a forma como vivem atualmente, muitas crianças reconhecem que há índios convivendo conosco na cidade e que estão presentes em vários locais de muita circulação para a venda de artesanato”.
            No entanto, desconhecem o porquê desta situação, e nós como professores temos a obrigação de explanar o motivo pelo qual esse povo deixou de viver muitos de seus costumes e tradições.
Silva (2008, p.32) que afirma: “no processo de contato entre sociedades, a cultura, enquanto capital simbólico, permite resistir à dominação e às imposições da sociedade dominante. A partir dela, os elementos impostos são continuamente reinterpretados.” Ou seja, os indígenas não estão perdendo sua cultura, mas refazendo-a constantemente, inclusive a partir do contato.
Relatei que o índio atual vive em grandes cidades, até para poder se manter em suas necessidades básicas. Hoje possuem  acesso à internet, escola e alguns, como o autor dos livros trabalhados ,vão à universidade com o objetivo, inclusive de divulgar de forma digna os saberes deste povo.
Percebi que as crianças estão acostumados ao índio estereotipado, que usa cocar e faz o famoso som (uuuuuuuu) batendo a mão na boca. Uma aluna ainda me falou:
-Ôba sora! Vamos fazer cocar!!!
Ela se surpreendeu quando disse que não, mas que iríamos fazer outra atividade.
Ela ficou frustrada, mas expliquei que esse índio que usa cocar e vive feliz na floresta não existe. Expus aos alunos a verdadeira realidade deste povo. Ainda ressaltei que apenas uma minoria ainda vive nas florestas e que mesmo assim, cada vez mais perdem espaço para  homem branco.
Muito positivo também, foi o vídeo que apresenta as brincadeiras em uma aldeia. As crianças gostaram de se reconhecer em atividades semelhantes como tomar banho de chuva ,  andar de balanço, e jogar pião.
No mais tivemos uma semana curta e conturbada. O passeio foi cancelado, por esse motivo na quarta-feira, pouquíssimos alunos compareceram à aula.
Essa semana não foi como eu gostaria, e espero poder retomá-la, pois trabalhar tais questões é fundamental para conhecermos nossa raízes.  

Nenhum comentário: