sábado, 4 de novembro de 2017


                           SOMOS PEÇAS DE UM QUEBRA - CABEÇAS
Identifiquei-me com a fala da Professora Mantoan quando  diz que não devemos adaptar o currículo para alunos de inclusão e sim, que é este aluno que deve seguir a proposta de trabalho, realizando aquilo que pode dentro de sua capacidade e respeitando suas limitações. Assim, estará aprendendo a conquistar sua autonomia como indivíduo singular que é, da mesma forma que  todos integrantes de uma turma; cada um é único em seu modo de aprender, justificando-se que a boa escola é aquela que ensina para todos, independentemente de sua condição.
Ao professor, cabe ter noções práticas para não errar no atendimento ao aluno de inclusão; acredito  também, que empatia e boa vontade estão interligadas à esta circunstância.  Conforme a Médica e Professora Izabel Maior, as pessoas com deficiência tem autonomia para gerir suas vidas e este ato, se inicia dentro da escola, pois é um dos primeiros lugares onde a criança irá conviver com todo tipo de diversidade.
Olhar a diferença com mais naturalidade dá ao portador da deficiência mais cidadania, impedindo o rótulo de ser um incapaz ou motivo para pena.
Tenho uma aluna autista, a qual costumo sempre dizer que ela na verdade, é uma artista, tamanho é o talento que tem  para as artes. Sua representação gráfica se dá a partir de seus desenhos. Logo que começamos a trabalhar juntas, estes  eram ligados apenas aos interesses pessoais dela. No entanto, conforme nossa interação foi aumentando, bem como nosso relacionamento se estreitando, ela passou a linkar seus desenhos aos assuntos abordados em aula; neste momento fica muito claro a fala de Montoan “ é este aluno que deve seguir a proposta de trabalho”, realizando aquilo que pode dentro de sua capacidade e respeitando suas limitações.
Minha aluna não aceita adaptações de tarefas. Ela faz somente o que quer, dentro de seus interesses. Como ainda não está alfabetizada, eu busco soluções para esta questão. No entanto, não é fácil,  pois não compreendo até onde conseguirei atingi-la, considerando suas limitações biológicas. Este fator é motivo de angústia para sua família, que constantemente cobra da escola resultados específicos de aprendizagem.
Percebo que a deficiência física é um percalço inclusive para a família que não sabe como gerenciar tal situação . Estas questionam as dificuldades e na maioria das vezes buscam por um desempenho que não chegará. Ou apenas não chegará no tempo que elas estipulam ser o certo.
Hoje, depois de muitos anos lecionando e trabalhando com a inclusão, penso que como educadora devo fazer o possível para valorizar a auto estima de meu aluno. Muitas vezes, é preciso começar apenas com a socialização desta criança e até mesmo com a integração dele ao grupo, que em alguns momentos, precisa ser conscientizado das diferenças que temos como seres humanos. É muito comum ver em um grupo de crianças o estigma em relação ao que é diferente. Na maioria das vezes, o meio em que convivem fomentam a ideia de pena e de incapacidade do indivíduo com deficiência. Percebo até mesmo que alguns rejeitam o colega deficiente, no entanto, a maioria se sente bem auxiliando aquele colega. É à este tipo de situação que o professor deve estar atento, pois quando for a vez de uma situação inversa, salientar bem ao grupo em geral, que na vida precisamos uns dos outros e que todos fazem parte de um grande quebra-cabeça, no qual todas as peças são importantes e nenhuma pode faltar.

Nenhum comentário: