sábado, 2 de abril de 2016


AUTISMO



   


Tenho uma aluna artista. Com tesoura e papel nas mãos, faz verdadeiras maravilhas, verdadeiras obras de arte, que tenho certeza, com o decorrer dos anos irão se aperfeiçoar e dar à esta criança uma posição de destaque no ofício que creio, irá exercer: a arte.
Ela é  como todos os outros, tem seu modo de aprender, suas peculiaridades, seu próprio ritmo, enfim tem a singularidade que cada criança possui no espaço escolar.
Na última sexta- feira, comentei com seu pai, que naquela semana ela tinha feito poucas atividades e que estava com o comportamento um pouco alterado. O pai prontamente me disse que ela se faz de desentendida e que eu não cobro dela como deveria cobrar; com todas as letras, disse que a deixo solta demais.
Fiquei extremamente chateada! Por ela e por mim. Sendo autista,  ela não se faz de desentendida. Cabe à nós compreender o seu modo de ser e pensar.
Quanto à mim, professora , me desdobro para conseguir com que  realize o mínimo de tarefas que lhe acrescentem em sua evolução pedagógica, já que  oscila no aspecto comportamental.
Avalio seu desenvolvimento cognitivo de uma forma extremamente detalhada, aproveitando cada oportunidade que  me dá. Ela participa das atividades do grande grupo, sempre adaptando as tarefas ao seu modo de ver as coisas. Tem um mundinho próprio e,  às vezes, permite que eu e os coleguinhas nos aproximemos, porém, sempre respeitando seus limites
 Compreendo a posição da família em querer que a criança leia e escreva, some e subtraia. Isso é natural. Porém, temos tempo para isso. Hoje a socialização é o aspecto mais importante a ser desenvolvido aqui. Uma criança autista necessita desenvolver esta habilidade muito mais que as outras, já que devido às características de sua patologia, tende a se isolar.
 A falta de compreensão, visão e confiança da família, no profissional que acompanha o aluno com necessidades especiais,  prejudica o trabalho pedagógico a ser feito, pois não enxergam como aprendizado as pequenas ações da rotina de sala de aula.
Este dinossauro foi feito pois estávamos falando de um texto sobre monstros.
Ela ainda não está alfabetizada, mas estamos trabalhando para isso. Através de sua arte, as palavras lhe são apresentadas.
Como educadora, faço minha parte colaborando para o processo de ensino e aprendizagem desta aluna artista.




Um comentário:

Débora Terezinha da Silva disse...

Olá colega! Gostei muito dessa sua postagem! considero-a qualificada e também achei importante a forma como você reflete sobre a aprendizagem da aluna e sua maneira de perceber as habilidades da mesma. concordo com sua postura em relação a avaliação da aluna. Nós professores temos, geralmente, um certo receio de trabalhar com a inclusão e nosso maior receio talvez seja justamente a avaliação. O momento de avaliar requer do professor esse olhar ao qual você se refere. Não podemos olhar para um único aspecto, devemos ver o todo, a integração do aluno, sua interação com a turma e sua autonomia nos aspectos que realmente importam para nós professores. O que para os pais pode ser uma brincadeira, para os professores existe um planejamneto por trás, que nos permite ver quais aspectos estão sendo desenvolvidos no aluno.