terça-feira, 15 de dezembro de 2015

                                         
                                      A ESCOLA NO MOVIMENTO SEM TERRA


Vejo com olhos dúbios essa questão. Primeiro,  ter uma estrutura escolar é essencial.
Certa vez, ouvi dizer, não recordo onde, que o bom professor dá aula até embaixo de uma árvore. Tudo lindo, tudo maravilhoso, porém a questão aqui não é  o professor e sim os alunos.
Em nossas escolas convencionais, onde temos o mínimo de estrutura, percebemos nitidamente a precariedade do sistema. Imagina a funcionalidade de uma escola itinerante?
Pelo que entendi e pelo pouco que sei deste movimento, muitos ainda não estão assentados. Como ficam essas crianças em idade escolar, indo de um lado para outro, sem o seu chão próprio? Aqui refiro-me  ao seu lar e sua escola.


A escola precisa ser uma referência, como  a do exemplo citado no material para estudo.  A Escola Madre Cristina atende um grupo de  Sem Terras  já assentados. Ao  meu ver, por isso deu certo. Aquelas pessoas estão felizes por conseguirem o seu pedaço de chão, estão motivadas Estudar aqui, se mostra como uma oportunidade de melhorar de vida, ou seja,  ter mais qualidade de vida para si e seus filhos.
Mas voltando à minha ideia anterior, fico me indagando em relação às crianças que estão nos grupos sem assentamento. Essas crianças vão de um lado para outro, pois a cada invasão frustrada precisam por o   “pé na estrada”, ou seja, muitos dias sem escola, rotina, lazer, informação, interação entre seus pares, ludicidade, o brincar livre. Tudo isso é propiciado pelo ambiente escolar adequado. Pela vida livre que possuem, acredito que sejam crianças muito felizes, são soltas, porém é uma liberdade sem orientação. Para mim isso é errado.
Que futuro terão? Qual a perspectiva de sair desse contexto, estudar, concluir o Ensino Médio,  buscar uma formação acadêmica naquilo que querem?  Para mim, eles não podem sonhar em ser médicos, advogados, veterinários, etc...  pois a estrutura onde  estão inseridos não contempla tais oportunidades. Não estou falando que os professores são incapacitados. Acredito, inclusive que fazem de tudo, para no mínimo, alfabetizar seus alunos. Porém, é fato que ler, escrever e contar é muito pouco.


Essa realidade favorece apenas ao sistema, que encontra neste movimento, um futuro certeiro para mão de obra barata  e desqualificada. Não quero parecer cruel em minhas palavras e previsões,  posso inclusive estar errada, porém tais circunstâncias apontam apenas para o descrédito ao que tal movimento sinaliza.
Toda essa situação, para ser resolvida, depende unicamente de nosso governo. Este,  precisa priorizar os assentamentos, o chão que essa gente sonha. Mas o que deve ser considerado ao máximo é o direito que essas crianças tem à educação, uma educação digna e de qualidade.




2 comentários:

Luciane Machado disse...

Com certeza Ester!O direito a educação digna, com todos os direitos de aluno e também enquanto professor.
Bjs Lú.

Ester Biscarra disse...

Verdade! E isso está refletido na atual situação de nosso país!