PEDAGOGIA DA AFETIVIDADE
Wallon está relacionado à pedagogia da
afetividade. Para ele as emoções estão diretamente ligadas ao desenvolvimento
humano “ pois a
experiência indica que o afeto influencia as relações e os processos de
aprendizagem, requerendo visões inclusivas e capazes de resgatar a dimensão de
cuidado necessária ao processo educativo”. Suas teorias apontam várias
contribuições para o olhar que devemos ter com o processo cognitivo da criança.
Percebe a escola como um lugar fundamental para o desenvolvimento desses
sujeitos bem como para a formação de sua personalidade.
Para ele o desenvolvimento
biológico e psíquico estão interligados e ambos exercem influência na formação
do indivíduo assim como o meio onde está inserido.
Wallon vê a
afetividade como uma causa orgânica e está interligada às causas complexas do
meio social “A noção de pessoa
apresentada por Wallon aponta para uma síntese dos conjuntos funcionais
(afetivo, motor e cognitivo) e para integração dinâmica entre o orgânico e o
social. Sua posição teórica era contrária à compreensão do humano de forma
fragmentada”.
É contra a natureza tratar a
criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui um conjunto
indissociável e original. Na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo
ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade
será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON,
2007, p. 198).
Wallon vê a criança como uma pessoa que
precisa ser compreendida como um ser em evolução no momento de vida em que se
encontra. Para ele os conflitos aos quais a criança está submetida fazem parte
de seu amadurecimento como ser humano, bem como ao adulto compete à ele evoluir
com os percalços que surgem ao longo de sua vida.
Essa teoria defende quatro estágios;
Estágio impulsivo –emocional ( 0 – 1 ano)
é um estágio predominantemente afetivo, onde a criança está imersa no mundo e
não consegue se distinguir dele. Nesse estágio a criança não possui coordenação
motora muito bem desenvolvida, os movimentos são bem desorientados. Entretanto,
logo o ambiente facilita para que a mesma desenvolva suas habilidades
funcionais, passando da desordem gestual às emoções diferenciadas.
Estágio
sensório-motor e projetivo ( 3meses até e anos) é uma fase onde a inteligência predomina e o
mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos. A inteligência, nesse
período, é tradicionalmente particionada entre inteligência prática, obtida
pela interação de objetos com o próprio corpo, e inteligência discursiva,
adquirida pela imitação e apropriação da linguagem. Os pensamentos, nesse
estágio, muito comumente se projetam em atos motores.
Estágio do
Personalismo (3 a 6 anos) é marcado pela formação dos aspectos pessoais da
criança, ou seja, da sua personalidade e da autoconsciência. Aqui a criança
tende a apresentar a 'crise negativista': a criança acaba por se opor
sistematicamente ao adulto.
Estágio
Categorial: Aqui temos um período onde há exaltação da inteligência sobre as
emoções. Segundo Wallon, a criança desenvolve suas capacidades de memória e
atenção voluntária e "seletiva", neste estágio ela começa a abstrair
conceitos concretos e começa o processo de categorização mental onde a criança
tem um salto em seu desenvolvimento humano.
Estágio da Adolescência: ( 11anos em diante)
nessa fase , a criança começa passar pelas transformações físicas e psicológicas. Aqui o adolescente
passa a desenvolver sua afetivamente de forma mais ampla da qual a busca da
autoafirmação e desenvolvimento sexual marcam esse estágio. Os conflitos
internos e externos se fazem presentes nesse momento. Aqui cabe uma lembrança,
Wallon nunca especificou um estágio final porque nunca acreditou no mesmo. Para
ele, o processo de aprendizagem sempre implica na passagem por um novo estágio.
Se aprendemos, então significa que nos adaptamos e esse processo dialético
jamais se encerra.
REFERÊNCIAS:
Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade na educação
Aurino Lima Ferreira1 Nadja Maria Acioly-Régnier2
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