domingo, 10 de junho de 2018



                                   PEDAGOGIA DA AFETIVIDADE


Wallon está relacionado à pedagogia da afetividade. Para ele as emoções estão diretamente ligadas ao desenvolvimento humano “ pois a experiência indica que o afeto influencia as relações e os processos de aprendizagem, requerendo visões inclusivas e capazes de resgatar a dimensão de cuidado necessária ao processo educativo”. Suas teorias apontam várias contribuições para o olhar que devemos ter com o processo cognitivo da criança. Percebe a escola como um lugar fundamental para o desenvolvimento desses sujeitos bem como para a formação de sua personalidade.
Para ele o desenvolvimento biológico e psíquico estão interligados e ambos exercem influência na formação do indivíduo assim como o meio onde está inserido.
Wallon vê a afetividade como uma causa orgânica e está interligada às causas complexas do meio social “A noção de pessoa apresentada por Wallon aponta para uma síntese dos conjuntos funcionais (afetivo, motor e cognitivo) e para integração dinâmica entre o orgânico e o social. Sua posição teórica era contrária à compreensão do humano de forma fragmentada”.
É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON, 2007, p. 198).
Wallon vê a criança como uma pessoa que precisa ser compreendida como um ser em evolução no momento de vida em que se encontra. Para ele os conflitos aos quais a criança está submetida fazem parte de seu amadurecimento como ser humano, bem como ao adulto compete à ele evoluir com os percalços que surgem ao longo de sua vida.
Essa teoria defende quatro estágios;
Estágio impulsivo –emocional ( 0 – 1 ano) é um estágio predominantemente afetivo, onde a criança está imersa no mundo e não consegue se distinguir dele. Nesse estágio a criança não possui coordenação motora muito bem desenvolvida, os movimentos são bem desorientados. Entretanto, logo o ambiente facilita para que a mesma desenvolva suas habilidades funcionais, passando da desordem gestual às emoções diferenciadas.
Estágio sensório-motor e projetivo ( 3meses até e anos) é  uma fase onde a inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos. A inteligência, nesse período, é tradicionalmente particionada entre inteligência prática, obtida pela interação de objetos com o próprio corpo, e inteligência discursiva, adquirida pela imitação e apropriação da linguagem. Os pensamentos, nesse estágio, muito comumente se projetam em atos motores.
Estágio do Personalismo (3 a 6 anos) é marcado pela formação dos aspectos pessoais da criança, ou seja, da sua personalidade e da autoconsciência. Aqui a criança tende a apresentar a 'crise negativista': a criança acaba por se opor sistematicamente ao adulto.
Estágio Categorial: Aqui temos um período onde há exaltação da inteligência sobre as emoções. Segundo Wallon, a criança desenvolve suas capacidades de memória e atenção voluntária e "seletiva", neste estágio ela começa a abstrair conceitos concretos e começa o processo de categorização mental onde a criança tem um salto em seu desenvolvimento humano.
 Estágio da Adolescência: ( 11anos em diante) nessa fase , a criança começa passar pelas transformações  físicas e psicológicas. Aqui o adolescente passa a desenvolver sua afetivamente de forma mais ampla da qual a busca da autoafirmação e desenvolvimento sexual marcam esse estágio. Os conflitos internos e externos se fazem presentes nesse momento. Aqui cabe uma lembrança, Wallon nunca especificou um estágio final porque nunca acreditou no mesmo. Para ele, o processo de aprendizagem sempre implica na passagem por um novo estágio. Se aprendemos, então significa que nos adaptamos e esse processo dialético jamais se encerra.


                                                  REFERÊNCIAS:

Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade na educação
Aurino Lima Ferreira1 Nadja Maria Acioly-Régnier2

Nenhum comentário: