SÍTIO DO PICA PAU AMARELO
Quem hoje tem por volta de 40 anos, com certeza presenciou uma
época mágica na televisão brasileira. Estou me referindo aos tempos em que
havia uma programação infantil de qualidade como o Sítio do Pica Pau
Amarelo. Esse programa era lúdico, pois toda criança viajava pelo mundo do faz
de conta e queria ser como um de seus heróis.
Ainda recordo as histórias encantadoras vividas pelos personagens de Monteiro Lobato. Ali no Sítio, tu ia do Reino das Águas Claras até a caverna do Minotauro. E foi por esse encantamento estar presente em mim até hoje, que fiz questão de na festa de 102 da Escola Souza Lobo, homenagear este grande Mestre da Literatura Infantil Brasileira.
Compartilhei com meus alunos como era ser criança em meados de 1980.
Levei para sala de aula a trilha sonora que atravessou gerações e até hoje se
faz presente na vida de muitos adultos.
A partir de minhas experiências e do fascínio que tenho pela obra
deste autor , eu e minha colega Denise criamos uma bela performance para a
celebração.
Tudo foi feito com muito cuidado e carinho. Primeiramente apresentamos a
ideia aos alunos, falamos deste autor memorável e do valor que sua obra tem
para o universo infantil. Levamos vídeos, livros e daí, deu-se o envolvimento
de todo um grupo escolar para fazer dar certo a nossa tão sonhada festa de 102
anos.
Para que tudo ocorresse perfeitamente contamos com o envolvimento de
muitas pessoas da comunidade escolar. A professora Cipriana fez os marcadores
de páginas que foram entregues pelos alunos no acolhimento aos pais , a Vera
nossa mãe voluntária, fez quase todas as fantasias usadas na festa, eu escolhi
as músicas e criei a coreografia, a professora Jane da biblioteca, montou o mix
das músicas escolhidas pois e minha
colega Denise auxiliou-me nos ensaios,
e caracterizou-se para dançar junto com as Emílias.
Meu maior orgulho nesta festa foi minha aluna que é autista pedir para
se apresentar de Cuca. Ela exigiu da costureira uma capa vermelha, pois sem ela
não iria dança.
Porém como nem tudo acontece como a gente quer, dois
dias antes da celebração, a direção da escola, devido ao frio intenso que fez
naqueles dias, resolveu trocar o horário da apresentação que seria à noite, para a tarde.
Eu que trabalho em outra escola neste período não pude comparecer para ver a
apresentação dos meus alunos. Confesso que chorei de braba, pois essas coisas
desmotivam e colocam abaixo toda uma idealização. Reclamei mas não adiantou.
E foi assim que perdi de ver na prática todo um trabalho que idealizei.
Gosto e me realizo em ver meus alunos dançando,
cantando, isso é aprendizado é cultura, é interação. Isso nos fortalece como
grupo.
Minhas colegas seguraram “as pontas”, e deu tudo
certo, porém eu queria estar lá, queria ver, participar. Queria ver o sorriso
de meus alunos, pois todos estavam muito motivados com tudo que fizemos.
Esses episódios me incomodam muito, mas fazer o quê?
O importante é que sei que um belo trabalho foi
realizado, o aprendizado e a cultura foram promovidos e eu como "profe velha "que
sou, deveria saber que isso faz parte do mundo escolar.
Embora eu não estivesse presente, sei que cada aluno
envolvido neste processo levará consigo, para sempre, um pouquinho deste dia. E o
que me realiza como educadora é saber que fui importante para esse momento único na vida de
cada um.